Valter Campanato/Agência Brasil - 18.09.2025
Petista fará tradicional discurso de abertura; em meio a crise com EUA, encontro oficial com Trump não está previsto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta semana da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, nos Estados Unidos. A agenda do petista tem eventos voltados à criação do Estado da Palestina, à defesa da democracia e ao enfrentamento da crise climática.
Na terça-feira (23), Lula fará o tradicional discurso de abertura do encontro da ONU. A fala inaugural é feita pelo Brasil desde a reunião de 1955. Após a declaração do petista, será a vez de o presidente dos EUA, Donald Trump, discursar.
Não há, contudo, previsão de agenda fechada entre os líderes, em meio à tensão entre os dois países. No entanto, pode ocorrer um encontro informal entre Lula e Trump — os presidentes podem “se esbarrar” pelos corredores da ONU.
Em paralelo à assembleia, o presidente terá reuniões voltadas para a questão palestina e para a preparação da COP30 (30ª Conferência da ONU sobre Mudanças do Clima), que ocorre em novembro, em Belém (PA).
Oriente Médio
Lula deve ir a pelo menos dois eventos voltados à Palestina — 2ª sessão da Confederação Internacional de Alto Nível para Resolução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, convocada pela França e Arábia Saudita.
A postura do Brasil é de que uma paz sustentável no Oriente Médio só poderá ser alcançada se palestinos e israelenses negociarem em igualdade de condições — o que inclui o reconhecimento da capacidade estatal da Palestina.
A expectativa do governo de Lula é usar o momento como oportunidade para ampliar o número de países que reconhecem o Estado palestino — atualmente, 147 já o fazem. França, Reino Unido, Canadá e Portugal sinalizaram interesse nesse reconhecimento, enquanto Israel e Estados Unidos seguem contrários.
Defesa da democracia
Na quarta (24), Lula participa da 2ª edição do evento “Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo”, com a presença de cerca de 30 países. A iniciativa é liderada por Brasil, Chile, presidido por Gabriel Boric, e Espanha, representada por Pedro Sánchez.
A diplomacia brasileira avalia que o encontro ocorre em meio a um cenário de incerteza global e de ameaças crescentes aos valores democráticos.
O objetivo é reafirmar compromissos em defesa da democracia, do multilateralismo e do Estado de Direito, além de articular cooperação internacional contra a desinformação, o discurso de ódio, a desigualdade social e a fragilização das instituições.
A primeira edição do evento foi realizada em julho, no Chile, com a participação dos presidentes do Brasil, Espanha, Colômbia e Uruguai. À época do encontro, os países divulgaram uma declaração conjunta.
Sustentabilidade
Ainda na quarta (24), Lula co-presidirá um evento sobre crise climática ao lado do secretário-geral da ONU, António Guterres.
O Itamaraty avalia que a reunião deve mobilizar os Estados-membros a adotar medidas mais ambiciosas de ação climática, o que inclui novas metas de redução de gases de efeito estufa, as chamadas NDCs. Até agora, apenas 29 países apresentaram os compromissos.
O presidente também participa de um evento organizado pelo Brasil para ampliar o apoio ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), que será lançado oficialmente na COP30, para priorizar globalmente o financiamento da preservação florestal.
Outra agenda de Lula em Nova York será o encontro promovido pelo Centro Global de Adaptação, liderado pelo ex-presidente do Senegal Macky Sall, voltado a mecanismos de adaptação às mudanças climáticas.
A delegação brasileira participará, ainda, a partir desta segunda (22), da Semana do Clima de Nova York 2025. O evento reúne cerca de 500 atividades com governos e sociedade civil e acontece em paralelo à Assembleia Geral da ONU desde 2009.
Na avaliação do Itamaraty, a semana funciona como espaço de mobilização e debate de soluções climáticas elaboradas por países, setor privado e sociedade.
Perguntas e Respostas
Qual é a participação de Lula na Assembleia Geral da ONU?
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, com uma agenda focada na criação do Estado da Palestina, defesa da democracia e enfrentamento da crise climática.
Quando Lula fará seu discurso na ONU?
Lula fará o tradicional discurso de abertura na terça-feira (23). O Brasil realiza essa fala inaugural desde 1955.
Haverá um encontro oficial entre Lula e Trump?
Não está prevista uma agenda oficial entre Lula e o presidente dos EUA, Donald Trump, devido à tensão entre os dois países. Contudo, um encontro informal pode ocorrer, já que os presidentes podem se encontrar pelos corredores da ONU.
Quais são os eventos que Lula participará relacionados à Palestina?
Lula participará de pelo menos dois eventos voltados à Palestina: a 2ª sessão da Confederação Internacional de Alto Nível para Resolução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, convocada pela França e Arábia Saudita.
Qual é a postura do Brasil em relação à paz no Oriente Médio?
A postura do Brasil é que uma paz sustentável no Oriente Médio só será alcançada se palestinos e israelenses negociarem em igualdade de condições, incluindo o reconhecimento da capacidade estatal da Palestina.
Qual é a expectativa do governo Lula em relação ao reconhecimento do Estado palestino?
A expectativa é ampliar o número de países que reconhecem o Estado palestino, atualmente 147. Países como França, Reino Unido, Canadá e Portugal demonstraram interesse, enquanto Israel e Estados Unidos são contrários.
O que Lula fará na quarta-feira (24) na ONU?
Na quarta-feira, Lula participará da 2ª edição do evento “Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo”, que contará com a presença de cerca de 30 países, e co-presidirá um evento sobre crise climática ao lado do secretário-geral da ONU, António Guterres.
Qual é o objetivo do evento sobre democracia?
O objetivo é reafirmar compromissos em defesa da democracia, do multilateralismo e do Estado de Direito, além de articular cooperação internacional contra a desinformação, discurso de ódio, desigualdade social e fragilização das instituições.
Quais são as metas do evento sobre crise climática?
A reunião deve mobilizar os Estados-membros a adotar medidas mais ambiciosas de ação climática, incluindo novas metas de redução de gases de efeito estufa, conhecidas como NDCs.
O que é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF)?
O TFFF será lançado oficialmente na COP30 e visa priorizar globalmente o financiamento da preservação florestal.
O que é a Semana do Clima de Nova York?
A Semana do Clima de Nova York reúne cerca de 500 atividades com governos e sociedade civil, funcionando como um espaço de mobilização e debate sobre soluções climáticas desde 2009.
Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília