Mestre em Educação e historiador André Ribeiro destaca a data como memória, identidade e o papel vital da história na sociedade
Hoje, 19, o Brasil celebra o Dia Nacional do Historiador, uma data instituída pela Lei nº 12.130, de 2009, em homenagem ao escritor, diplomata e abolicionista Joaquim Nabuco (1849-1910), nascido nesta mesma data.
Mais do que reverenciar um dos intelectuais mais influentes da história do país, o dia é uma oportunidade de refletir sobre a importância da profissão e o papel da História na preservação da memória coletiva e na construção de uma sociedade consciente.
O historiador é o profissional responsável por pesquisar, analisar, interpretar e preservar fatos, documentos, culturas e tradições. Seu trabalho vai muito além da sala de aula: está presente em arquivos, museus, bibliotecas, institutos de pesquisa, universidades e até em projetos de preservação urbana e cultural. Em um mundo cada vez mais acelerado e marcado pela sobrecarga de informações, sua missão torna-se ainda mais relevante: separar evidências de versões, ciência de opinião, memória de esquecimento.
A importância da História se revela no cotidiano. Cada monumento preservado, cada documento catalogado, cada tradição mantida representa uma peça fundamental na narrativa da humanidade. Sem a atuação dos historiadores, boa parte desse patrimônio material e imaterial se perderia, fragilizando a identidade cultural de povos e nações.
Além disso, o historiador atua como guardião da memória coletiva. Ao investigar o passado, não apenas registra fatos, mas também dá voz a grupos marginalizados e resgata histórias que muitas vezes ficaram invisíveis nas versões oficiais. É por meio desse olhar crítico que a sociedade pode compreender suas origens, aprender com erros, valorizar conquistas e, sobretudo, projetar um futuro mais justo e consciente.
No Brasil, país de dimensões continentais e marcado por intensa diversidade cultural, o trabalho dos historiadores é vital para compreender e valorizar a pluralidade de experiências que compõem a nação. Dos povos originários aos imigrantes, das lutas sociais às expressões artísticas, a História é a ponte que une passado e presente, garantindo que tradições não se apaguem e que novas gerações tenham consciência de sua herança.
André Ribeiro: “Elo que conecta eventos e comportamentos”
Para o historiador e Mestre em educação André Ribeiro, ao refletirmos sobre a importância do historiador, podemos chegar a algumas conclusões significativas. “O historiador é um elo que conecta os eventos e comportamentos da sociedade do passado ao presente. Nesse sentido, desempenha o papel de nos ajudar a refletir e interpretar como os fatos ocorreram e quais foram seus desdobramentos na atualidade”.
Antes de tudo, garante ele, o historiador é um investigador: ele produz conhecimento, pratica a ciência e, como bem lembrado por uma intelectual de Erechim durante a Semana do Patrimônio, “a ciência se produz a partir de evidências”. “Assim, quando o historiador pesquisa, reúne dados e publica suas obras — em meio físico ou digital —, traz à luz evidências que muitas vezes passaram despercebidas ou foram ignoradas por outros autores, pesquisadores ou profissionais do conhecimento”.
“A história que aprendi na infância, na década de 1980, e na adolescência, nos anos 1990, já foi muitas vezes ressignificada diante de novas descobertas, que trouxeram mais clareza e compreensão sobre fatos que eu acreditava cristalizados. Os antigos “heróis e heroínas” foram desfeitos, dando lugar à compreensão de que a trajetória humana é marcada por processos coletivos, nos quais algumas lideranças se destacam, mas jamais realizam feitos isoladamente”, garante.
Dessa compreensão, André pontua que nasce também a importância de estudar, ler, ouvir e interpretar as vozes do passado. Elas se manifestam por meio de imagens, documentos, monumentos, prédios, objetos, ruas, avenidas e tantos outros elementos que compõem o vasto campo da memória. “Por meio deles, podemos observar e compreender a sociedade, o espaço em que estamos inseridos, repensar atitudes e, sobretudo, projetar um futuro mais justo”, finaliza.