Mesmo com estufas, produtores enfrentam perdas severas; falta de energia elétrica agravou os impactos do frio extremo
A forte geada registrada na madrugada de terça-feira (24) em Machadinho causou prejuízos expressivos a produtores rurais da região, principalmente aqueles que cultivam morango e tomate cereja em sistema protegido. Na Chácara Brilho do Sol, pertencente à família de Paulo Tessaro, as perdas chegaram a 90% na produção de morango, mesmo com o uso de estufas.
De acordo com o produtor, a intensidade da geada surpreendeu por conta de uma inversão térmica atípica. “Eu nunca vi uma situação assim. A estufa estava totalmente fechada, e mesmo assim as frutas e flores queimaram tudo. Parecia que tinha mais geada dentro da estufa do que fora”, relatou. As perdas atingiram flores em fase de floração e frutos em estágio inicial de desenvolvimento. Segundo ele, o centro das flores amanheceu escurecido — sinal de rompimento celular causado pela baixa temperatura. “Agora vai levar de três a quatro meses para recuperar a produção”, lamentou.
Outro fator que agravou a situação foi a falta de energia elétrica na propriedade, o que impossibilitou a irrigação das plantas nas primeiras horas do dia. “A planta passou o dia inteiro estressada e eu sem poder irrigar por causa da falta de energia”, explicou.
Além dos morangos, a produção de tomate cereja também sofreu grandes danos, com perda estimada em até 100% nas estufas.
Apesar das perdas, o agricultor encara o episódio como parte da realidade do campo. “Faz parte. Agricultura é empresa a céu aberto. A gente sabe que essas coisas podem acontecer”, concluiu.