Mobilização será nesta sexta-feira (30), em Getúlio Vargas, no trevo sul, às margens da ERS-135. A programação está prevista para ocorrer das 8h às 17h, com ato oficial às 10h. Perdas das últimas cinco safras chegam a R$ 300 bilhões
Nas últimas cinco safras, entre 2020 e 2025, o setor agrícola do Rio Grande do Sul teve perdas significativas nas lavouras em função de quatro estiagens e uma enchente. Os prejuízos são estimados em 51,3 milhões de toneladas de grãos, que correspondem a mais de R$ 300 bilhões em prejuízos para o campo e que, também, deixaram de circular na cidade. Tendo esta situação em vista, os produtores rurais e representantes de sindicatos de toda a região Alto Uruguai irão se mobilizar, nesta sexta-feira (30), pela segunda vez, para pedir prorrogação e renegociação das dívidas, via projeto de lei (PL 320/25), que depende de aprovação legislativa. A mobilização será nesta sexta-feira (30), em Getúlio Vargas, no trevo sul, às margens da ERS-135. A programação está prevista para ocorrer das 8h às 17h, com ato oficial às 10h.
Endividamento
Os produtores gaúchos têm dívidas de R$ 72,8 bilhões nas instituições financeiras e R$ 27 bilhões (38%) vencem em 2025. Deste total, de 2025, quase 20% se referem a renegociações e prorrogações de anos anteriores. Ainda há dívidas significativas fora do sistema bancário, com cooperativas, revendas de insumos e cerealistas.
Sindicato Rural de Erechim
Conforme o presidente do Sindicato Rural de Erechim, Allan André Tormen, a prorrogação das dívidas já ajudaria muito milhares de produtores rurais, no entanto, não resolve o problema como um todo. “Por isso, é fundamental a aprovação do PL 320/25 de autoria do senador Luis Carlos Heinze ou sua versão com recursos do Fundo Social do Pré-Sal proposta pelas entidades”, afirma.
Conforme dados da Farsul, sem a renegociação das dívidas cerca de 35% dos produtores do Rio Grande do Sul não terão como plantar, porque não conseguirão fazer novos financiamentos. A entidade ressalta que o agricultor do estado é o menos inadimplente do país sendo a média nacional de 7% a 8% quanto a média do produtor gaúcho é de 4,3% de inadimplência.
Neste momento, é fundamental um prazo maior para pagar as contas, porque os produtores estão vindo de cinco safras frustradas, com prejuízos e perda de renda. O setor ressalta que faltam políticas públicas adequadas para agricultura. Os produtores vêm fazendo prorrogações que substituem recursos controlados por livres, para manter o nome limpo, no entanto, assumindo dívidas com juros que na maioria das vezes ficam entre 2% e 3% ao mês tornando a conta impagável.
A Farsul ressalta que as dívidas não são resultado de má gestão dos produtores rurais ou utilização do dinheiro de maneira errada, mas são decorrentes de sucessivas secas e de uma enchente. A produtividade média da soja no Rio Grande do Sul, nos últimos 10 anos, foi de 49 sacos por hectare, para 36 sacos por hectare, nos últimos cinco anos, o que representa muito para quem produz.