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Não tem mercúrio na água distribuída em Erechim, nem indicativo

Publicada em: 02/04/2025 14:28 - Região

É o que revelam constantes análises da Vigilância Ambiental em Saúde e o Vigiagua, diferente do estudo do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). “O nosso dever enquanto SUS e Vigiagua, em toda a região, é fiscalizar”, enfatiza a coordenadora, Claudia Santin Zanchett


A população erechinense ficou preocupada com a publicação da pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), nesta semana, que revelou dados alarmantes sobre a água em Erechim. Em síntese, o trabalho conduzido pela engenheira ambiental e sanitarista, Inete Cleide Baú, sob orientação da professora, Marília Teresinha Hartmann (UFFS) e coorientação da professora, Saionara Eliane Salomoni (Uergs), identificou altos níveis de mercúrio nas águas dos rios Ligeirinho, Leãozinho e da barragem responsável pelo abastecimento do município. Entendendo a gravidade das informações, o Jornal Bom Dia foi buscar mais dados sobre o assunto, que é de interesse público.

A redação conversou com a representante da Vigilância Ambiental em Saúde da 11ª Coordenadoria Regional da Saúde (11ª CRS), Claudia Santin Zanchett, que também coordena as ações do programa Vigiagua (RS) na região do Alto Uruguai, e Priscila Rosa, do Laboratório Regional da 11ª CRS, que apresentaram informações técnicas de que não tem nenhum problema com a água em Erechim.  

Elas explicam que a região Alto Uruguai tem uma população de aproximadamente 233 mil habitantes e 60% deste total, isto é, 140 mil pessoas, dependem das águas dos rios, da captação superficial, para abastecimento público.

O trabalho da Vigilância Ambiental em Saúde e a fiscalização do Vigiagua tem como objetivos avaliar se a água consumida pela população apresenta perigos à saúde e se existe atendimento às normas de potabilidade. “É um trabalho preventivo e sistemático”, afirma Cláudia. 

Segundo Claudia, a vigilância da qualidade da água é exercida pelo Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua do SUS) coordenado, na região, pela Secretaria Estadual de Saúde e executado nos municípios pelo fiscal sanitário do município. “O Vigiagua trabalha a vigilância através de um plano de amostragem da água distribuída nos municípios, área rural e urbana, e faz a análise de parâmetros básicos, mensalmente”, observa.

“Quem tem a obrigatoriedade de fazer a análise dos parâmetros mais amplos, semestralmente, que envolvem em torno de 114 parâmetros, é o prestador de serviço. ele faz análises de controle, algumas diárias, outras semanais e algumas semestrais”, explica.

Ela ressalta que o Vigiagua realiza 500 inspeções sanitárias, por ano, na região e todas as análises são disponibilizadas para o setor da saúde. “A água que chega no consumidor final não pode estar contaminada, por toda estrutura de vigilância, controle, inspeções sanitárias. Trabalhamos com dados e avaliações sistemáticas, e, nos últimos 10 anos, nas análises realizadas pelo prestador de serviço, que estão no Sistema Nacional de Vigilância de Qualidade da Água (Sisagua), nós não temos detecção de mercúrio na água tratada. A água que sai da ETA está de acordo com as normas de potabilidade”, ressalta Claudia.

“Na avaliação de risco para a saúde, a cada seis meses, duas vezes por ano, são realizadas coletas na barragem, e a última análise do dia 5 de março, não foi detectado mercúrio na água, isso conforme a coleta da água bruta. E no mesmo dia 5 de março, também foi feita análise na água tratada e deu o mesmo resultado, não foi detectado mercúrio na água. Trabalhamos com dados sistemáticos e contínuos de avaliação”, ressalta a representante da Vigilância Ambiental em Saúde.

“Nós não temos mercúrio na água e nunca tivemos nem o indicativo de que pudéssemos ter na água tratada, na série histórica, isso com base em análises sistemáticas, a cada seis meses. O nosso dever enquanto SUS e Vigiagua, em toda a região, é fiscalizar”, enfatiza ela.

Hipótese

Conforme Cláudia, se em algum momento o Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, na região Alto Uruguai, detectar num determinado município qualquer potencial de risco para a população, o Vigiagua vai desencadear medidas corretivas imediatas. “Para que se mantenha ou recupere as condições da qualidade da água, impedindo a disseminação de doenças de veiculação hídrica, via água. Somos obrigados, legalmente, a notificar os responsáveis para que ações sejam tomadas de forma imediata”, afirma.

Dentro das normas

Ela ressalta que os dados e análises sistemáticas, que os prestadores de serviços apresentam, mais as amostras dos fiscais municipais, mostram que a água da região é potável. “Tudo isso está lançado no sistema público, posso dizer que a água do Alto Uruguai atende as normas vigentes da portaria de potabilidade na região. Em Erechim, não tivemos alterações para desencadear alguma notificação do Vigiagua, nos últimos 10 anos, na série histórica”, enfatiza Claudia.

Pesquisa  

“Todo estudo da academia é bem-vindo para o sistema público de saúde, dentro do tema da vigilância da água, é muito válido, e estamos abertos a estudos que venham a colaborar para conhecer, cada vez mais, os recursos hídricos, a qualidade da água dos nossos rios, para melhorar as ações e priorizar a saúde da população regional”, conclui Claudia.

Corsan

Em nota, a Corsan desconhece qualquer estudo e resultados feitos pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e reforça que a água tratada e distribuída à população de Erechim, assim como nos outros 316 municípios atendidos pela companhia, passa por rigoroso controle de qualidade.

“A água captada pela Corsan em rios, lagos, barragens ou poços passa por rigoroso tratamento antes de ser distribuída para consumo. Somente depois de todos os procedimentos de tratamento da água e controle de qualidade, com testes diários nos laboratórios das ETAs e poços e de amostras analisadas no laboratório Central da Companhia e 100% dentro dos parâmetros exigidos pelas portarias de potabilidade do Ministério da Saúde e de agrotóxicos da Secretaria Estadual de Saúde, é que a água sai das Estações de Tratamento (ETAs) e daí para os reservatórios onde é armazenada para ser enviada aos clientes”, explica a empresa.

A Corsan ressalta que as amostras coletadas passam também pelo Laboratório Central de Águas, localizado em Porto Alegre, que atende os 317 municípios do Rio Grande do Sul abastecidos pela Corsan.


Por Ígor Dalla Rosa Müller / Jornal e TV Bom Dia 
Foto Rodrigo Finardi e Ígor Dalla Rosa Müller











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