Agora é hora de unir forças e não dividir, com setor público e privado trabalhando juntos, com os novos ares e vontade política do Executivo e Legislativo erechinense
Esse texto abaixo foi escrito no dia 22 de novembro de 2023, e republico ele, após a primeira reunião do grupo Amigos do Castelinho, que aconteceu na noite de ontem, 6, na Câmara de Vereadores, organizado pelo gabinete da vereadora Carla Talgatti.
Resgato esse texto, para mostrar que ações que podem trazer soluções, passam por uma série de fatores. Todas as vezes que o Jornal Bom Dia defendeu o patrimônio histórico de Erechim, foi fruto de várias conversas com pessoas da área.
Naquele momento, não existia uma vontade política para resolver o problema, do nosso principal símbolo. Mas 2025 iniciou com outra mentalidade, e grande vontade política, do município de Erechim (através do prefeito Paulo Polis e do secretário de Cultura, Esporte e Economia Criativa, Wallace Soares) e da Câmara de Vereadores.
Agora é hora de unir forças e não dividir, com setor público e privado trabalhando juntos. A seguir o texto publicado no Jornal Bom Dia em 2023, que teve como título: “Associação dos Amigos do Castelinho: solução para salvar o patrimônio histórico”, e amanhã o que foi definido na reunião de ontem à noite.
A queda da primeira escola
Com a queda da primeira escola de Erechim, se joga luzes sobre um problema antigo de Erechim: a preservação do patrimônio histórico do município. Entre eles o símbolo máximo – Castelinho -, no coração central da cidade.
Reforma e dor de cabeça
Na gestão do ex-prefeito Antônio Dexheimer (1993 a 1996), foi feita uma reforma, que lhe deu dor de cabeça por pelos menos duas décadas, em função do processo licitatório adotado na época. Depois disso, um estigma impregnou sobre o prédio, e muito pouco foi feito nesses quase 30 anos. Algumas intervenções pontuais, e que pela falta de continuidade, nada adiantou.
Palanque eleitoral e brigas políticas intermináveis
Por muito tempo foi utilizado como palanque eleitoral e brigas políticas intermináveis, o que, infelizmente, afastou os gestores de se buscar uma solução definitiva para a sua conservação. Ficou relegado a segundo plano.
O elevado custo da obra
Mas aqui tem mais um entendimento, que não se pode perder na história. O elevado custo das obras de restauro (e são caras mesmo, requer mão de obra extremamente especializada), fez em inúmeras vezes, os gestores não levarem adiante, em função da opinião pública.
Sozinho o município não consegue restaurar
Além do estigma e do alto valor, tem um terceiro ingrediente, que é a falta de recursos para preservar a história. Talvez sozinho, o município jamais conseguirá recuperar o Castelinho. Ele precisa a ajuda da iniciativa privada. É fundamental ter essa parceria, para o belo projeto que foi feito nessa gestão, saia do papel.
Exemplo a ser replicado
Um exemplo que pode ser replicado é a Associação dos Amigos da Biblioteca Pública do Estado do RS, que tem na presidência o erechinense Alcides Mandelli Stumpf, que buscam recursos dos impostos das empresas, para a reforma gradativa do prédio.
A importância da iniciativa privada
Será que a criação de uma Associação dos Amigos do Castelinho, gerido pela iniciativa privada, que irá aplicar os recursos arrecadados (inclusive os públicos), não seria uma saída? Cada um se doar um pouco, para preservar a história e o patrimônio? E não é um projeto de quatro anos, de um único governo, e sim um projeto de cidade, e que a cada novo gestor, se comprometa em dar perenidade ao trabalho que pode ser desenvolvido e com muito mais celeridade. E não só para o Castelinho, mas para outras ações, sempre focados na preservação. Não tenho dúvida que o empresariado, que já alcança recursos para fora de Erechim, nessa finalidade, possa ajudar e muito a preservar nossa história, numa união de esforços pelo bem comum.
Um projeto que enche os olhos, mas precisa sair do papel
Faço esse preâmbulo, pois tive acesso a um projeto do Castelinho, feito recentemente, e que me encheu os olhos. E como eu, muita gente gostaria de vê-lo, sair do papel, mas sozinho, o Executivo não terá pernas. Todos precisam arregaçar as mangas e fazer acontecer.
Um pouco da história e as ações planejadas
O projeto desenvolvido dentro da Secretaria de Cultura e Esporte, cuidou dos mínimos detalhes, piso por piso do Castelinho, comtemplando uma gama muito grande de ações, pois no momento que tiver restaurado e ocupado, a manutenção acontece ao natural.
Ele foi inaugurado em 20 de abril de 1915 e tombado como patrimônio histórico em 12 de novembro de 1982. A primeira grande reforça foi realizada em 1993. No dia 27 de novembro de 1998, foi doado pelo Estado ao município. De 2014 a 2016 foi feita a primeira fase do restauro, e a 2ª fase acabou estagnada e não foi feita. E de lá para cá, várias ações internas foram feitas, para que o novo projeto fosse elaborado.
Uso interno
Com relação ao uso interno, definiu-se que o Castelinho pode desempenhar função majoritariamente cultural, artística e educacional, com espaços para exposições e oficinas, como segue: exposição permanente, almoxarifado, exposições temporárias, espaços multiuso, informações turísticas, aulas/oficinas, áreas de apoio, alimentação, área externa.
Uso externo
A parte externa do prédio também foi objeto de análise e unanimemente definida a sua utilização como parte do projeto. Trata-se de mais de 1.300m² de área externa com rica vegetação nativa no coração da cidade. O espaço deve contemplar uso público com áreas de estar e percursos em meio às árvores, além de decks que conectam o prédio à área externa e permitem a realização de pequenos eventos e apresentações ao ar livre.
As etapas
O projeto é dividido em térreo, subsolo, 2º subsolo, 1º pavimento e átrio. E as obras são divididas em etapas. A primeira etapa é o restauro do prédio total, interno e externo; a segunda etapa prevê o mobiliário e a acessibilidade; a terceira etapa é tecnologia e monitoramento com telas interativas, hologramas, mesas digitais, projeções mapeadas, projetores, caixas de som, câmeras de monitoramento, sistema de alarme, incluso sensores de movimento externo.
Projeto aprovado pelo IPHAE-RS
O custo estimado de toda a nova estrutura é em torno de R$ 7 milhões (valor de 2023). O projeto foi aprovado junto ao IPHAE-RS e a primeira etapa será realizada com recursos próprios do município, ficando as demais à espera de captação. Aqui nesse momento que pode entrar a Associação dos Amigos do Castelinho. Quem irá dar o primeiro passo? A contagem regressiva começou faz tempo.