Tocando Agora: ...
No ar: ...

...

Erechinense relata trabalho em plataforma petrolífera

Publicada em: 15/02/2025 13:20 - Notícias

Letícia Capistrano Favero descreve como é viver em alto mar e garante que experiência é compensadora e desafiadora ao mesmo tempo


Já pensou em trabalhar embarcado no meio do oceano, em uma plataforma petrolífera, com uma vista privilegiada para golfinhos e baleias? A redação do Grupo Bom Dia entrevistou a engenheira de petróleo, mestre e doutoranda em Engenharia de Automação e Sistemas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Letícia Capistrano Favero, natural de Erechim, que vive essa experiência única e compartilhou os detalhes dessa profissão.

O caminho até as plataformas
Letícia começou sua trajetória no setor de petróleo de maneira inusitada. Após se formar, desviou um pouco do caminho tradicional e foi para a área comercial. No entanto, o destino a levou de volta à engenharia quando uma multinacional a contratou para atuar como consultora na área de automação em óleo e gás. Sendo a única engenheira de petróleo em sua equipe, acabou responsável por clientes desse setor e, com isso, surgiu a necessidade de embarcar em plataformas para conhecer os projetos de perto.

Sua primeira experiência foi em ativos da PetroRio, atual PRIO, onde participou da reestruturação do layout de plataformas e bases offshore. “Foi assim que comecei a embarcar”, conta Letícia. Desde então, sua rotina passou a incluir viagens constantes, dependendo da demanda dos projetos, que a levaram até mesmo ao Peru para visitar terminais de distribuição de gasolina.

Preparação para trabalhar a bordo
A vida no mar exige uma preparação rigorosa. Antes de embarcar, é necessário realizar cursos de salvatagem e sobrevivência, que incluem treinamentos de combate a incêndios, uso de extintores e simulações de resgate em alto-mar. “Temos que pular de cinco metros de altura na água, nadar longas distâncias e aprender a sobreviver em caso de catástrofes”, explica Letícia. Um dos treinamentos mais intensos é o Helicopter Underwater Escape Training (HILT), no qual os participantes são colocados dentro de uma estrutura simulando um helicóptero e submersos para praticar técnicas de escape.

As plataformas
As plataformas onde trabalhou variam entre unidades fixas e FPSOs (navios-plataformas), cada uma com desafios próprios. O tempo de permanência embarcada depende do projeto, mas normalmente as escalas variam entre 15 e 21 dias.

A vida a bordo
A estrutura de uma plataforma é dividida entre áreas operacionais e os chamados “casarios”, que abrigam dormitórios, refeitórios e espaços de lazer

A adaptação à rotina embarcada pode ser desafiadora, especialmente devido ao balanço do mar e à necessidade de compartilhar quartos pequenos com outros profissionais. No entanto, Letícia destaca que a convivência cria laços fortes entre os colegas. “A equipe se torna uma família. A gente brinca, dá apelidos, se apoia. Todo mundo se ajuda para aliviar o estresse do dia a dia”, compartilha.

Para manter o bem-estar durante longos períodos embarcados, as plataformas oferecem academias, salas de jogos e até cinema. Há também aulas funcionais e caminhadas no heliponto (espaço onde pousam os helicópteros que transportam os trabalhadores). A alimentação segue um esquema rigoroso, com refeições a cada três horas para garantir energia ao longo do dia.

Segurança 
A segurança nas plataformas de petróleo é uma prioridade absoluta. Além de desempenharem suas funções técnicas, todos os trabalhadores a bordo têm um papel adicional em situações de emergência. Alguns colaboram na recepção de helicópteros, enquanto outros fazem parte da brigada de incêndio, garantindo a proteção de todos.

Encantos do mar
Entre a rotina de trabalho, Letícia compartilha a beleza na experiência de trabalhar embarcada. O contato diário com o oceano proporciona momentos únicos, como observar golfinhos e baleias durante o expediente. “Em uma noite, depois do trabalho, fomos ao fumódromo e vimos um grupo de golfinhos dando um verdadeiro show no mar”, relembra com entusiasmo.

Para quem tem interesse em seguir essa carreira, Letícia enfatiza que é preciso gostar de desafios e estar disposto a viver períodos longe da terra firme, mas para os apaixonados pelo mar e pelo trabalho dinâmico do setor de petróleo, a experiência é recompensadora. “É uma rotina intensa, mas única. A cada embarque, há novas histórias, novos aprendizados. É incrível ver de perto como tudo funciona”, finaliza.


Por Vivian Mattos
Foto Arquivo pessoal













Compartilhe: