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Quebra de 30% na produtividade da soja gera perdas de R$ 700 milhões para região

Publicada em: 11/02/2025 08:56 - Agro

Região já tem 12 municípios com problemas nas lavouras de soja decorrentes da estiagem e redução que varia de 30% até 50% na produção. Percentual pode ser ainda maior em alguns casos


As chuvas irregulares e abaixo da média associadas à onda de calor, que está sobre o Rio Grande do Sul, já causam enormes prejuízos na cultura da soja no Alto Uruguai, com perdas que variam de 30% a 70% na produtividade e, em alguns casos, mais específicos não houve sequer formação do grão. Os produtores estão sendo severamente afetados pela estiagem na safra 2024-2025. A região já tem 12 municípios, de 32, com problemas nas lavouras de soja decorrentes da seca.

Se não chover prejuízo grande

O produtor da Linha São Paulo de Campinas do Sul, Valdecir Vedovatto, afirma que a área de soja cultivada pela família é de 57 hectares. “Se estimava uma produção média de 70 sacas por hectare, mas, hoje, é difícil falar de estimativas, porque nos últimos dias choveu apenas 5 milímetros na quinta feira e mais 5 milímetros no domingo. Então, não mudou praticamente nada na lavoura, porque o solo já estava muito seco. E não sabemos quando vai voltar a chover”, observa ele.

Segundo Valdecir, a quebra na lavoura gira em torno de 50% a 60%. “Nas áreas adiantadas, que já tem a formação dos grãos, ele está mal formado, com tamanho e peso menores. Nas áreas mais atrasadas, temos que aguardar as próximas chuvas pra ver qual será o potencial”, explica o produtor.

Contudo, ele ressalta, onde os solos são manchados, nas áreas com pedras, não terá produção. “Em relação aos prejuízos, eles devem ser grandes se não chover nos próximos dias, porque já foi feito quase tudo que se faz durante o ciclo da soja. Fizemos o plantio com sementes de qualidade e boa adubação, depois da limpeza da área. Aplicação de fungicida e inseticida já estão quase todas feitas. Faltaria, praticamente, só a colheita. Então, se não chover as perdas serão grandes”, observa ele.

Campinas do Sul

O técnico em agropecuária da Emater de Campinas do Sul, Carlos Carraro, afirma que o município, nos meses de janeiro e fevereiro, teve chuvas esparsas e onde houve precipitação foi insuficiente. “Em algumas comunidades, como a Linha São Paulo, Crioula, a situação é ainda pior, tem perdas que chegam a 60% e 70% do potencial de produção, porque foram 29 dias sem chuvas e depois alguma esparsa. Não tem chovido mais nestas comunidades. As chuvas que têm acontecido são bem pontuais”, observa Carlos.  

Ele destaca que as perdas maiores são na soja, além disso, a seca está inviabilizando a segunda safra de feijão onde foi colhido o milho, e, muito mais ainda, o plantio de pastagens. “A prefeitura já está realizando a abertura de pequenos reservatórios para dessedentação animal. O município é 100% servido por águas de poços artesianos profundos, então pra consumo humano ainda está tranquilo. E os criadores de gado, suínos, aves e leite estão garantidos, porque também têm poços artesianos”, comenta.   

Por outro lado, a cultura do milho transcorreu muito bem. “Tivemos uma excelente produção, assim como no milho silagem e feijão, mas, agora, a cultura da soja está sendo muito penalizada”.

Região Alto Uruguai

Segundo o assistente técnico regional em Culturas da Emater/RS-Ascar de Erechim, o engenheiro agrônomo, Luiz Ângelo Poletto, a cultura da soja já tem perdas significativas. “No começo houve problemas na germinação, o que em algumas lavouras foi necessário fazer o replantio, mas o principal problema é a estiagem na fase de maturação de grãos, que necessita de mais chuvas”, explica.

No mês de dezembro e janeiro faltou, em média, 70 milímetros de chuva por mês. “A previsão média mensal é de 180 milímetros e ficou em 110 em dezembro e em torno de 120 milímetros em janeiro. Fevereiro teve chuvas bem esparsas”, afirma Poletto.

Ele ressalta que a região já tem perdas concretizadas e os municípios mais afetados no momento são Áurea, com quebra de 30% na produtividade, Benjamin Constant do Sul 50%, Campinas do Sul 30%, Charrua 40%, Entre Rios do Sul 40%, Erebango 30%, Erval Grande 30%, Estação 30%, Floriano Peixoto 30%, Ipiranga 30%, Marcelino Ramos 30% e Sertão 30%. “Estes são os municípios da região Alto Uruguai que mais tem perdas.

“Então, se perdermos 30% da produtividade esperada, que era de 60 sacos por hectare em média, ficaremos com uma produção regional de 40 a 42 sacas por hectare, isso já representa perdas de R$ 700 milhões, somente, na cultura da soja neste ano”, enfatiza o engenheiro agrônomo.

Dois dos maiores produtores de soja da região vão ter quebra na produtividade, o primeiro é Sertão que planta 31 mil hectares, seguido por Quatro Irmãos com 17.400 hectares, que ainda não tem perdas, e, em terceiro lugar, está Campinas do Sul com 16.200 hectares e perdas de 30%.


Por Ígor Dalla Rosa Müller / Jornal e TV Bom Dia 
Foto Família Vedovatto



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