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Efeitos do La Niña na agricultura da região do Alto Uruguai

Publicada em: 06/02/2025 08:49 - Agro

O acompanhamento contínuo das previsões meteorológicas e o uso de ferramentas como pluviômetros são estratégias fundamentais neste período


Com a confirmação do fenômeno climático La Niña, que começou a se intensificar no início de 2025, a preocupação com os impactos na agricultura da região norte cresce. Conforme Aldemir Pasinato, analista do laboratório de meteorologia da Embrapa Trigo de Passo Fundo (RS), o La Niña é caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, o que tende a provocar irregularidade nas chuvas, além de reduzir os acumulados pluviométricos. Embora os impactos possam variar de acordo com a localização, a previsão de seca e chuvas irregulares já afeta o planejamento agrícola.

Efeito Pós-El Niño: De enchentes a escassez de chuvas

O analista explica que, após o forte El Niño de 2024, que trouxe as grandes enchentes no estado, a previsão é de que o La Niña ocasionará para o verão de 2025 um cenário de escassez de chuvas. “O fenômeno foi confirmado pelo Centro Americano de Previsão Climática, parte da Agência Atmosférica Americana (Noaa), e deverá durar de janeiro a abril de 2025. Em algumas regiões, como o Alto Uruguai, onde o clima tende a ser mais quente, o impacto será mais intenso, com dias de temperaturas elevadas e escassez de precipitações,” acrescenta Aldemir.

Chuvas irregulares: Impacto nas culturas agrícolas

A irregularidade das chuvas tem afetado diretamente a lavoura, com pancadas de chuva aleatórias e a ocorrência de granizo em algumas localidades. O milho, que está em fase de enchimento de grãos, e a soja, que demanda maior quantidade de água no solo, são as culturas mais suscetíveis. O impacto vai depender da distribuição das chuvas em janeiro e fevereiro.

Calor excessivo no Rio Grande do Sul: Situação crítica para as lavouras

De acordo com as informações da MetSul, o calor excessivo previsto para esta semana no Rio Grande do Sul, combinado com a irregularidade das chuvas, agravará a estiagem no estado, especialmente no Centro e Oeste. A situação já é crítica, com perdas significativas na lavoura de soja, que chegam a 40% em algumas regiões, e até 100% em propriedades específicas. A falta de chuvas e o intenso calor aceleram a perda de umidade do solo, impactando ainda mais as colheitas. Modelos meteorológicos indicam temperaturas próximas ou superiores a 40ºC, com o calor intensificando a evapotranspiração, processo que agrava a seca e compromete o desenvolvimento das culturas. A estimativa é que mais de 50 municípios já estejam em situação de emergência devido à estiagem.

Soluções de irrigação

Para os produtores, a irrigação surge como uma alternativa para minimizar os efeitos da seca, especialmente para aqueles que cultivam grãos. Já os pequenos produtores de hortaliças e legumes terão que buscar soluções como estufas e irrigação controlada para proteger as culturas das variações de temperatura e da escassez de chuvas.

Atenção aos canais meteorológicos  

A adaptação ao clima irregular é essencial para os agricultores. “A recomendação é escalonar os plantios, evitando que todas as lavouras dependam das mesmas condições climáticas. A utilização de métodos como o acompanhamento das previsões meteorológicas e o uso de pluviômetros também são estratégias recomendadas para maximizar os resultados da safra,” explica o analista da Embrapa Trigo

Monitoramento contínuo necessário

Por fim, o La Niña traz a incerteza de como as condições climáticas afetarão as lavouras a longo prazo. “Embora os prognósticos possam indicar tendências, o cenário climático em constante mudança exige cautela e monitoramento constante por parte dos produtores”, finaliza Aldemir Pasinato.


Por Gabriela de Freitas
Foto Gabriela de Freitas



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