Foto: Tiago Rafael ASCOM ACCS


Presidente da ACCS faz análise do mercado e cobra políticas públicas de incentivo ao setor. 


Conforme dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Governo Federal nesta semana, as exportações de carne suína na terceira semana de abril apresentaram números desfavoráveis tanto em termos de faturamento quanto de volume diário.

Até o momento, a receita obtida com as exportações de carne suína totaliza US$ 141.209.407, o que corresponde a 59,95% do montante arrecadado durante todo o mês de abril de 2023 (que foi de US$ 235.516.982). Quanto ao volume embarcado, as 61.729.256 toneladas representam 66,40% do total registrado em abril do ano passado, que foi de 92.955.936 toneladas.

“Tivemos uma queda nas exportações e quando a gente olha o mercado todo, a gente percebe o quanto nós estamos perdendo de receita e volume. Se nós considerarmos esses primeiros 15 dias, perdemos aí 60% da receita e 43% do volume que vinha sendo exportado comparado ao mesmo período do ano passado. A gente vê que também temos um problema no preço, o Brasil não está conseguindo manter o preço no mercado internacional, que teve uma queda praticamente de 10% e isso é o reflexo do grande volume de carne que nós temos também para ofertar dentro do país e quando a gente olha os mercados que mais diminuíram a compra é realmente a China, que quando a gente compara os primeiros três meses do ano passado com este, o ano passado foram exportados 104 mil toneladas, esse ano 63 mil, o que dá uma diferença de 41 mil toneladas e é um volume, sem dúvida, muito significativo. Isso o mercado não recupera no mercado interno.”, avalia o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos, Losivanio Luiz de Lorenzi.

"Hong Kong também deixou de importar 4 mil toneladas e a gente só não está numa situação pior porque o Japão que importou o ano passado no primeiro trimestre 6 mil toneladas agora comprou 15 mil toneladas e outros mercados como Coreia do Sul, Geórgia, Angola, Vietnã, Estados Unidos e Filipinas também aumentaram o volume importado, mas ainda assim não conseguindo chegar naquele volume que realmente a China deixou de comprar do nosso país. É uma situação bem complicada, nossos produtores estão desanimados com a atividade que vem se arrastando essa crise há mais de 3 anos, principalmente no mercado independente, por mais que tenha caído um pouco os custos de produção do milho e do farelo, nós também estamos com essa dificuldade porque hoje quando a gente vê o farelo que está em torno de 1.940 toneladas e o milho a R$ 67, mas mesmo assim não está dando uma viabilidade econômica para os nossos produtores.", completa Losivanio.

O presidente da ACCS afirma que o preço do quilo do suíno vivo continua defasado e não chega nem a cobrir os custos de produção, o que desestimula muitos produtores a continuar na atividade.

"É só nós olharmos o resultado das últimas bolsas de suíno, que tem caído gradativamente e bastante quando a gente considera o valor de quilo e vende um animal de 115 quilos numa média, é realmente uma perda grande por animal ao nosso produtor. A bolsa de Santa Catarina na última quinta-feira fechou a R$ 5,95 e São Paulo a R$ 6,40 o quilo do suíno e quando a gente vai para um mercado regional como a gente tem no extremo oeste e na região de Braço do Norte nós temos uma média de preço de R$ 5,40, ou seja, não está cobrindo o custo de produção e essa é a grande questão até quando os nossos produtores independentes vão conseguir se manter na atividade pagando o alto custo para trabalhar para manter a propriedade funcionando.", lamenta.

De Lorenzi faz um comparativo do preço do suíno pago no mercado aos produtores em comparação a outros produtos, como frutas e verduras, que, atualmente, está bem acima em comparação ao mercado suinocultor.

“Comparando o preço do suíno a R$ 5,40 e vai num supermercado você vê qualquer fruta qualquer verdura acima de 6 reais é realmente de ficar indignado porque o trabalho que nós temos em uma propriedade rural para manter o suíno vivo até chegar realmente ao ponto de abate e com todas as exigências que nós temos de ambiental de bem-estar animal de biossegurança realmente é desanimador para a atividade enquanto nós não controlarmos um pouco esse aumento de produção dentro do nosso país nós vamos ter esse problema se apostou muito num mercado que falavam que até 2027 nós não teríamos problema de exportação que era o mercado chinês e agora então a China se recuperou muito rápido daquilo que perdeu com a peste suína africana e está deixando realmente de comprar cada vez mais ela compra de outros países ou se mantém somente pela produção interna e o Brasil então fica a mercê de buscar outros mercados, mas a reclamação que a gente vê é que também o nosso país não consegue as nossas empresas colocar preço no mercado internacional de vender com um valor maior o nosso produto, no caso a carne suína.”, compara.

Por fim, o presidente da ACSS reiterou que Santa Catarina é o único estado do país com status sanitário diferenciado habilitado para exportar para demais países com as mais diversas exigências sanitárias e, por esse motivo, deveria ter um preço justo de comercialização no mercado.

“Santa Catarina, que continua com uma diferenciação sanitária referente aos demais estados do país, onde somente nós podemos exportar para Estados Unidos, para o Japão, para Filipinas, então isso deveria ter um preço diferenciado para o estado de Santa Catarina, para os nossos produtores, mas que a gente vê que parece castigo, mas estamos sempre com o pior preço do mercado. Por isso que os produtores têm que estar muito atentos, participar cada vez mais da organização, através da Associação Catarinense de Criadores de Suínos, a maior entidade representativa da suinocultura do país, os trabalhos que a gente faz, as cobranças que a gente sempre faz ao governo, para trazer uma alternativa para o setor, principalmente para o setor independente dos mini-integradores, para que eles continuem produzindo, porque são eles que sustentam esse mercado de frigoríficos que não estão aí dentro das grandes empresas. São frigoríficos municipais, estaduais e até federais que não têm um modelo de integração. Então, para que estes continuem na atividade, temos que ter uma política mais justa aos nossos produtores por parte do governo, tanto estadual quanto federal.”, finalizou.



Por Rafael Martini / Radio Rural 
25/04/2024 às 08h21 | Atualizada em 25/04/2024 - 09h05